Significado mesmo? Tem, mas acabou.

Entender que o chão que se pisa é o mesmo que, durante séculos foi nada além de chão. Terra de bater. Entender que significado é algo humano, algo tão humano que chega a ser infantil. Descobrir que a resposta está no silêncio.
Como aquela musica que hippies com mais de sessenta anos gostam de cantar ‘as palavras dos profetas estão escritas nas paredes do metrô e nos corredores dos conjuntos habitacionais, elas sussurram no som do silêncio…

Querer expressar qualquer coisa que diga qualquer coisa, qualquer palavra que preencha um vazio de porção única: impossível. Eu canso toda vez mas sigo tentando. Como uma vontade perigosa, quase doente. Um vício que não se luta contra, se luta junto. Um vício que te carrega para cima e para baixo, sem pena. E como um vício, é mesmo uma paixão. Paixão não escolhe.
Você vai dizer que perdi a mão, esqueci o jeito. Falo inglês demais, esqueço da língua primeira. Vai contar que não entende do que falo ou que isso que parece não fazer sentido mas faz não é nada além de outro vazio de porção única… vai escolher optar pela resposta fácil ‘ela é louca’.
O que seja, será. Eu escolho por não optar e deixar que aquilo que não entendo fale por mim.
Quem me conhece sabe, nunca procurei por respostas. A sensação acolhedora de se respeitar o conforto da pergunta e da dúvida. O hiato da espera e do esperar.
Quando em meio ao nada, seres que conseguem enxergar além da escuridão espiam pacientemente esperando aqueles que não conseguem nem mesmo ver os grãos claros do alívio durante o dia. Como quando em uma manhã de neblina grave, os únicos que sentem o cheiro de terra limpa são os mesmos que se aninham felizes na pergunta e acreditam no carinho doméstico desse animal que é o esperar.
Animal manso que sustenta as nossas armaduras de papel, nossos cabelos ríspidos por tanto tempo expostos e abandonados. Um animal que tudo compreende.
Esse animal compreende e não julga; espera.
Essa sou eu, querendo abraçar uma compreensão impossível de se imprimir em uma tela mesmo que cheia dessa mania que temos, a tal da possibilidade.


Por Alice Salles



Simon & Garfunkel - The Sound of Silence 1966 live 

 

 

 

Comentários

  1. Oi querida Re,adorei o texto, nossa missão na Terra é descobrir nosso próprio caminho.
    São tantos questionamentos,e viver como o animal compreender e não julgar, apenas esperar
    pelas possibilidades.
    Amei.

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  2. Olá , passei pela net encontrei o seu blog e o achei muito bom,
    li algumas coisas folhe-ei algumas postagens,
    gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
    quando encontro bons blogs sempre fico mais um pouco meu nome é: António Batalha.
    Deixo-lhe a minha bênção.
    E que haja muita felicidade e saúde em sua vida e em toda a sua casa.
    PS. Se desejar seguir o meu blog,Peregrino E Servo, fique á vontade, eu vou retribuir.

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