Acontece de nos ausentarmos.
Por alguma razão, em alguns momentos de nossas
vidas parecemos não estar presentes, meio que
catatônicos, esperando algo passar pra poder recomeçar a viver.
Acontece também de nos fecharmos.
Por outras tantas razões, fechamos o cerco ao
nosso redor, delimitamos passagem e quase que
impermeáveis pra qualquer influência do mundo
exterior, nos permitimos esperar algum sinal de menos perigo.
Acontece então de perdermos muito.
A Melinda é dessas meninas comunicativas,
alto-astral coisa e tal, mas só depois de cinco
anos de faculdade é que percebeu que sua turma era legal.
Cinco anos de convívio diário, cinco anos não
criando vínculos futuros, pra em um churrasco de sua turma de
formandos, notar que podia ter curtido muito mais daquelas pessoas. A Mônica se reconstruiu a partir de suas desilusões
amorosas. Firmou-se novamente no chão de sua vida, mas
não sem erguer altos muros de desconfiança e descrédito.
Não sem antes se sentir segura pra não amar plenamente mais uma vez.
"Nada de fortes emoções" – dizia ela.
Bastava ser amada, mas não necessariamente amar.
Descobriu que era amada e que podia amar mais,
descobriu que queria sentir. Mas descobriu tarde então,
e vai torcer todos os dias pra ter chance de viver. Porque
descobriu em um outro abraço.
Uma saudade infinita, uma lembrança incômoda.
Por alguma razão, acontece de acontecer fora do tempo, ou
pelo menos fora do tempo que desejávamos. E maldizemos a sorte
e a falta dela.
Tentamos entender que testes são esses, e
especulamos sobre uma infinidade de explicações sem ao menos
saber pra que serviriam. Afinal, mesmo tendo escolhas algumas coisas
precisam de tempo pra virar, pra ser algo.
Mas acontece que somos mesmo bastante precipitados...
Acontece bem de vez em quando de querermos o imediato,
de desejarmos com todas as forças a mudança que até então não
aparecia.
Acontece de nossa vida virar de ponta-cabeça. E talvez fosse
exatamente isso que queríamos sem saber.
Por alguma razão, a emoção se torna essencial.
Sentir fora do tempo, desalinhado com a outra parte, não
pode privar qualquer um de que esse sentir seja pleno.
Mas tem de valer à pena... Seja no beijo roubado mas
esperado, seja no chocolate derretido na língua, seja num
olhar novo e cheio de intenções, seja no abraço mais longo e colado
do mundo.
Por alguma razão vale à pena esperar.
Mesmo que a percepção tenha se mantido embaçada e míope por anos,
meio que em sinal de protesto e desaforo, pra nos fazer perceber alguma
lição difícil, pra reconsiderar certos valores... Ainda sim, a emoção
em duelo com a razão, é conflito doloroso mas intenso e recompensador.
Necessário pra gente virar gente grande, quem saber perceber o pouco
tempo pra escolhas fundamentais? Quem sabe um motivo pra sorrir?
E se a dúvida reside aí, entre a razão de saber valer compromissos e
emoção de querer sentir, então sempre resta um mesmo sonho pra esperar.
Osentido da vida é sempre um tema muito interessante.
ResponderExcluirDuarante a vida esta balança entre a razão e a emoção são trabalhados para no fim chegar a um equilíbrio.
Tem selo para você em meu blog.
Um bem bacana.
Abçs